Candidíase vulvovaginal recorrente: uma visão geral das perspectivas atuais

Recurrent vulvovaginal candidiasis: a general overview of current perspectives

Authors

  • Beatriz Beluco Jacomini
  • Emanuella Beluco Jacomini
  • Heloisa Garbugio Faraoni
  • Isabela Zabisky Floresta
  • Laura Zabisky Floresta
  • Nathalia Stuani Carvalho
  • Renam Arthur de Sousa

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv8n9-282

Keywords:

Candidíase, infecções do sistema genital, saúde da mulher

Abstract

A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção fúngica do sistema reprodutor feminino. Pode apresentar-se de forma descomplicada ou complicada. O presente estudo busca elucidar a forma complicada da entidade, que é a candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR). A CVVR é definida como a ocorrência de três ou mais episódios de candidíase em um intervalo de 12 meses. Aproximadamente 75% das mulheres terão pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal na vida, o que é considerado uma alta incidência. A CVVR, por sua vez, tem uma incidência de apenas 9%, porém, ao contrário da forma não complicada, é uma entidade patológica muito mais complexa. Existem cerca de 150 espécies do gênero Candida, dentre as quais 20 foram descritas como potenciais agentes etiológicos de candidíase. Entre as teorias que postulam uma explicação para a recorrência dos episódios de CVV estão: 1) Reintrodução mecânica frequente do patógeno na vagina; e 2) Tratamento ineficiente do patógeno. O diagnóstico é baseado nas manifestações clínicas, porém, os sinais e sintomas não são patognomônicos, o que torna importante a realização de exames complementares que buscam identificar e diferenciar o tipo de fungo localizado no sistema vaginal. A primeira linha de tratamento frequentemente instituída tanto para CVV quanto para CVVR são os antifúngicos azólicos. Além disso, sabe-se que para aumentar as chances de sucesso no tratamento da CVVR causada por Candida albicans, é necessário um regime de supressão, com dose prolongada do antifúngico, para primeiro promover a remissão clínica e, posteriormente, estabelecer um regime de manutenção. Quando a CVVR é causada por outros tipos de fungos que não sejam albicans, o tratamento pode ser feito inicialmente pela administração de ácido bórico, devido à alta resistência aos azólicos encontrados nesses fungos.

References

BARBEDO, Leonardo S et al. Candidíase. Candidíase, [s. l.], 21 jan. 2010. Disponível em: http://ole.uff.br/wp-content/uploads/sites/303/2018/02/r22-1-2010-4-Candidiase.pdf. Acesso em: 21 ago. 2022.

BENEDICT, Kaitlin et al. Possible misdiagnosis, inappropriate empiric treatment, and opportunities for increased diagnostic testing for patients with vulvovaginal candidiasis—United States, 2018. Plos One, [S.L.], v. 17, n. 4, p. 1-9, 28 abr. 2022. Public Library of Science (PLoS). http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0267866.

BENEDICT, Kaitlin; SINGLETON, Alyson L.; JACKSON, Brendan R.; MOLINARI, Noelle Angelique M.. Survey of incidence, lifetime prevalence, and treatment of self-reported vulvovaginal candidiasis, United States, 2020. Bmc Women'S Health, [S.L.], v. 22, n. 1, p. 1518-9, 10 maio 2022. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1186/s12905-022-01741-x.

BLOSTEIN, Freida; LEVIN-SPARENBERG, Elizabeth; WAGNER, Julian; FOXMAN, Betsy. Recurrent vulvovaginal candidiasis. Annals Of Epidemiology, [S.L.], v. 27, n. 9, p. 575-582, set. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.annepidem.2017.08.010.

BRAND, Stephen R et al. A Randomized Phase 2 Study of VT-1161 for the Treatment of Acute Vulvovaginal Candidiasis. Clinical Infectious Diseases, [S.L.], v. 73, n. 7, p. 1518-1524, 20 ago. 2020. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/cid/ciaa1204.

COLOMBO, Arnaldo Lopes et al. Epidemiologia das infecções hematogênicas por Candida spp. Epidemiologia das infecções hematogênicas por Candida spp, [s. l.], 21 out. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/dWxvwzZvp9qdkHyQvBgDWMh/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 21 ago. 2022.

CZECHOWICZ, Paulina et al. Virulence Factors of Candida spp. and Host Immune Response Important in the Pathogenesis of Vulvovaginal Candidiasis. International Journal Of Molecular Sciences, [S.L.], v. 23, n. 11, p. 5895-5895, 24 maio 2022. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/ijms23115895.

SETA, Francesco de et al. The Vaginal Microbiome: iii. the vaginal microbiome in various urogenital disorders. Journal Of Lower Genital Tract Disease, [S.L.], v. 26, n. 1, p. 85-92, jan. 2022. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/lgt.0000000000000645.

DEL NEGRO, GILDA MARIA BARBADO. In: DEL NEGRO, GILDA MARIA BARBADO. Leveduras do gênero Cândida são microrganismos unicelulares, pleomórficos, de ciclo sexual incompleto, dentre aproximadamente 150 espécies 20 foram descritas como agentes etiológicos das candidíases. 2008. Tese de Doutorado (Doutorado em Ciências) - Universidade de São Paulo, [S. l.], 2008. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-09062009-144701/publico/GildaDelNegro.pdf. Acesso em: 21 ago. 2022.

DENNING, David W; KNEALE, Matthew; SOBEL, Jack D; RAUTEMAA-RICHARDSON, Riina. Global burden of recurrent vulvovaginal candidiasis: a systematic review. The Lancet Infectious Diseases, [S.L.], v. 18, n. 11, p. 339-347, nov. 2018. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/s1473-3099(18)30103-8.

DOVO, Essi Etonam et al. First detection of mutated ERG11 gene in vulvovaginal Candida albicans isolates at Ouagadougou/Burkina Faso. Bmc Infectious Diseases, [S.L.], v. 22, n. 1, p. 678-686, 8 ago. 2022. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1186/s12879-022-07619-5.

FEUERSCHUETTE, Otto Henrique May et al. Candidíase vaginal recorrente: manejo clínico. FEMINA, [s. l.], v. 32, n. 2, 2010. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2010/v38n1/a005.pdf. Acesso em: 21 ago. 2022.

GONÇALVES, Bruna; FERREIRA, Carina; ALVES, Carlos Tiago; HENRIQUES, Mariana; AZEREDO, Joana; SILVA, Sónia. Vulvovaginal candidiasis: epidemiology, microbiology and risk factors. Critical Reviews In Microbiology, [S.L.], v. 42, n. 6, p. 905-927, 21 dez. 2015. Informa UK Limited. http://dx.doi.org/10.3109/1040841x.2015.1091805.

HOFFMAN, Barbara L. et al. Ginecologia de Williams. 2. ed. Porto Alegre: Amgh Editora Ltda., 2014.

KALIA, Namarta et al. Microbiota in vaginal health and pathogenesis of recurrent vulvovaginal infections: a critical review. Annals Of Clinical Microbiology And Antimicrobials, [S.L.], v. 19, n. 1, 28 jan. 2020. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1186/s12941-020-0347-4.

LÍRIO, J., Giraldo, P. C., Sarmento, A. C., Costa, A., Cobucci, R. N., Saconato, H., Eleutério Júnior, J., & Gonçalves, A. K. (2022). Antifungal (oral and vaginal) therapy for recurrent vulvovaginal candidiasis: a systematic review and meta-analysis. Revista da Associação Medica Brasileira (1992), 68(2), 261–267. https://doi.org/10.1590/1806-9282.20210916

LINHARES IM, AMARAL RL, ROBIAL R, ELEUTÉRIO Junior J. Vaginites e vaginoses. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 2018. (Protocolo Febrasgo – Ginecologia, nº 24/ Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas).

REBHAHM, BRUNA RODRIGUES. CONSEQUÊNCIAS DA AQUISIÇÃO DA RESISTÊNCIA À NATAMICINA EM ESPÉCIES DE Candida. 2017. CONSEQUÊNCIAS DA AQUISIÇÃO DA RESISTÊNCIA À NATAMICINA EM ESPÉCIES DE Candida (Pós Graduação) - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, [S. l.], 2017. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/159499/001022803.pdf?sequence=1. Acesso em: 21 ago. 2022.

RODRÍGUEZ-CERDEIRA, Carmen et al. Pathogenesis and Clinical Relevance of Candida Biofilms in Vulvovaginal Candidiasis. Frontiers In Microbiology, [S.L.], v. 11, 11 nov. 2020. Frontiers Media SA. http://dx.doi.org/10.3389/fmicb.2020.544480.

ROSATI, Diletta et al. An Exaggerated Monocyte-Derived Cytokine Response to Candida Hyphae in Patients With Recurrent Vulvovaginal Candidiasis. The Journal Of Infectious Diseases, [S.L.], v. 225, n. 10, p. 1796-1806, 23 jul. 2022. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/infdis/jiaa444.

ROSATI, Diletta et al. Recurrent Vulvovaginal Candidiasis: an immunological perspective. Microorganisms, [S.L.], v. 8, n. 2, p. 144, 21 jan. 2020. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/microorganisms8020144.

SIMÕES, José Antonio. Sobre o diagnóstico da candidíase vaginal. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, [S.L.], v. 27, n. 5, p. 233-234, maio 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-72032005000500001.

SOBEL, Jack D. et al. Vulvovaginal candidiasis: epidemiologic, diagnostic, and therapeutic considerations. American Journal Of Obstetrics And Gynecology, [S.L.], v. 178, n. 2, p. 203-211, fev. 1998. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/s0002-9378(98)80001-x.

SOBEL, Jack D; PL JUNIOR, Fidel. Immunopathogenesis of recurrent vulvovaginal candidiasis. Clinical Microbiology Reviews, Detroit, Michigan, v. 3, n. 9, p. 335-347, jun. 1996.

SOBEL, Jack D.. Recurrent vulvovaginal candidiasis. American Journal Of Obstetrics And Gynecology, [S.L.], v. 214, n. 1, p. 15-21, jan. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2015.06.067.

SOBEL, J. D., & Nyirjesy, P.. Oteseconazole: an advance in treatment of recurrent vulvovaginal candidiasis. Future microbiology. v.16, p. 1453–1461. 2021. https://doi.org/10.2217/fmb-2021-0173

SOUZA, Maria Aparecida Feliciano de. PATOGENIA E DIAGNÓSTICO DA CANDIDÍASE VAGINAL. 2017. 44 f. Monografia (Especialização) - Curso de Lato Sensu em Citologia Clínica, Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa Centro de Capacitação Educacional, Recife, 2017.

PEREIRA, Lívia Custódio. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL E PERSPECTIVAS ATUAIS: SINTOMAS, DIAGNÓSTICO LABORATORIAL, PREVALÊNCIA DAS ESPÉCIES, RESISTÊNCIA À ANTIFÚNGICOS, NOVOS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS E AVALIAÇÃO DA RECORRÊNCIA. 2021. 93 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Médicas, Universidade de Brasília, Brasília, 2021.

PAPON, Nicolas; VAN DIJCK, Patrick. A Complex Microbial Interplay Underlies Recurrent Vulvovaginal Candidiasis Pathobiology. Msystems, [S.L.], v. 6, n. 5, 26 out. 2021. American Society for Microbiology. http://dx.doi.org/10.1128/msystems.01066-21.

WANG, Xinyan; ZHAO, Ling; FAN, Chong; DONG, Zhiyong; RUAN, Hongjie; HOU, Wenwen; FAN, Yuru; WANG, Qing; LUAN, Ting; LI, Ping. The role of IL-15 on vulvovaginal candidiasis in mice and related adverse pregnancy outcomes. Microbial Pathogenesis, [S.L.], v. 166, p. 105555, maio 2022. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.micpath.2022.105555.

Published

2022-09-29

How to Cite

Jacomini, B. B., Jacomini, E. B., Faraoni, H. G., Floresta, I. Z., Floresta, L. Z., Carvalho, N. S., & Sousa, R. A. de. (2022). Candidíase vulvovaginal recorrente: uma visão geral das perspectivas atuais: Recurrent vulvovaginal candidiasis: a general overview of current perspectives. Brazilian Journal of Development, 8(9), 64680–64697. https://doi.org/10.34117/bjdv8n9-282

Issue

Section

Original Papers