Setor sucroenergético em Goiás: análise agrária e ambiental / Sucro energy sector in Goiás: agricultural analysis and environmental

Authors

  • Íria Oliveira Franco
  • Frederico Augusto Guimarães Guilherme
  • Dener Toledo Mathias

DOI:

https://doi.org/10.34117/bjdv5n9-065

Keywords:

territorialização do capital, reestruturação produtiva, uso de agrotóxicos, degradação ambiental.

Abstract

A história e evolução da agricultura caracterizam-se por constantes desafios, tanto de restrições para a expansão de terras, pelo lado da oferta, como de atendimento à expansão do consumo, pelo lado da demanda. O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, com aproximadamente 70 milhões de hectares cultivados com culturas anuais e perenes. No ano de 2017, a área colhida com as principais culturas agrícolas (soja, milho e cana-de-açúcar) foi de 61,5 milhões de hectares. Na safra 2018/2019 a área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil é de 8,59 milhões de hectares, sendo que Goiás representa 11,32% do cultivo nacional. O objetivo desse estudo é contribuir para a compreensão do desenvolvimento do agronegócio sucroenergético de Goiás sob os modelos agrário e agrícola de cultivo da cana-de-açúcar. Primeiramente, desenvolvemos as reflexões com base na configuração e dinâmica do setor sucroenergético para o entendimento das disputas territoriais no espaço agrário regional. Com as investidas das multinacionais ligadas à produção de commodities, Goiás desperta interesse de grupos que encontram nesse território as condições ideais como, fatores edafoclimáticos, disponibilidade de áreas para o cultivo, ações de incentivos fiscais do governo estadual e de financiamentos do governo federal, para a reprodução ampliada do capital. Além do impacto na estrutura agrária, devem ser considerados os de cunho ambiental e social. Portanto, analisamos também as questões ambientais pertinentes as monoculturas, especificamente a utilização intensiva de agrotóxicos, a qual traz uma série de consequências para o ambiente e para a população. O uso frequente e incorreto pode causar contaminação de solos, da atmosfera, das águas superficiais e subterrâneas, e dos alimentos, levando a efeitos negativos em organismos terrestres e aquáticos, intoxicação humana pelo consumo de água e alimentos contaminados e intoxicação ocupacional de trabalhadores e produtores rurais. O Brasil consome cerca de 20% de todo agrotóxico comercializado no mundo. Desse total, 10% é consumido na produção de cana-de-açúcar. Entre os anos de 2012 a 2014, Goiás teve uma média anual do uso de agrotóxico de 90 mil toneladas, com uma média de consumo entre 12 e 16 kg/ha enquanto a média nacional de 8,33 kg/ha. É importante salientar que o consumo de agrotóxicos em Goiás é alto em valores absolutos, entretanto a extensão territorial, as condições climáticas propícias ao desenvolvimento de pragas, doenças e plantas daninhas contribuem para o consumo elevado. Portanto, é dever da pesquisa acadêmica, órgãos reguladores e produtores rurais, buscar a minimização do uso dos agrotóxicos, bem como reivindicar legislações ambientais mais restritivas.

References

AGROFIT - Sistema de Agrotóxicos Fitossanitário. Ministério da Agricultura e Pecuária [MAPA]. Consulta de produtos formulados. 2018. http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons, acesso em fev. 2018.

Bombardi, L. M. Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia. São Paulo: Laboratório de Geografia Agrária, FFLCH - USP, 2017, 296 p.

Bombardi, L. M. Agrotóxico e agronegócio: arcaico e moderno se fundem no campo brasileiro. Direitos humanos no Brasil. Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. São Paulo: Expressão Popular, 2012.

CASTRO, S. D. de. Oportunidades e pontos críticos no desenvolvimento do setor sucroalcooleiro no Estado de Goiás. 2007. In: II FORUM DE C&T NO CERRADO. Impactos econômicos, sociais e ambientais no cultivo da cana de açúcar no território goiano. Goiânia-GO, 05 de out. 2007.

CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Série histórica das safras. Brasília, 2019. https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana, acesso em jun. 2019.

DORST, J. Antes que a natureza morra: por uma ecologia política. Coord. FERRI,

M. G. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1973. 394 p.

DREW, D. Processos interativos homem - meio ambiente. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011, 220 p.

FRANCO, Í. O. Modelagem espacial da expansão canavieira no sudoeste de Goiás. 2012. 138 f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, Goiás.

GONÇALVES, R. J. de A. F; MENDONÇA, M. R. Modernização energética e desenvolvimento do setor sucroalcooleiro: reestruturação produtiva do capital e precarização do trabalho nas áreas de Cerrado. Revista Percurso - NEMO Maringá, v. 2, n. 1, p. 53-72, 2010.

HAESBAERT, R. Da desterritorialização à multiterritorialidade. In: Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina. Universidade de São Paulo. Associação dos Geógrafos do Brasil: São Paulo, p. 6774-6792, 2005.

MENDONÇA, M. R. O agronegócio nas áreas de Cerrado: impasses, preocupações e tendências. In: II FORUM DE C&T NO CERRADO. Impactos econômicos, sociais e ambientais no cultivo da cana de açúcar no território goiano. Goiânia-GO, 05 de out. de 2007.

MOONEY, P. R. O século 21: erosão, transformação tecnológica e concentração do poder empresarial. São Paulo: Expressão Popular, 2002.

OLIVEIRA, A. U. A mundialização da agricultura brasileira. São Paulo: Iandé Editorial, 2016, 545 p.

OLIVEIRA, A. M. S. de. A relação capital-trabalho na agroindústria sucroalcooleira paulista e a intensificação do corte mecanizado: gestão do trabalho e certificação ambiental. 215 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2003.

PAULINO, E. T. Produção de alimentos e biocombustíveis: a quem beneficia? p. 207- 214. Revista Formação, n.15, v. 2, 2009. http://www4.fct.unesp.br/pos/geo/revista/artigos/n15v2/25_debate.pdf, acesso em 12 mar. 2010.

PAULINO, E. T. Por uma Geografia dos Camponeses. São Paulo: Editora Unesp, 2006, 428 p.

PELAEZ, V; SILVA, L. R. DA; GUIMARÃES, T. A; DAL RI, F; TEODOROVICZ, T. A. (Des) coordenação de políticas para a indústria de agrotóxicos no Brasil. Revista Brasileira de Inovação, Campinas – SP, V. 14, p. 153 -178, 2015.

PORTO-GONÇALVES, C. W. Geografia da riqueza, fome e meio ambiente. Pequena contribuição crítica ao atual modelo agrário/ agrícola de uso dos recursos naturais. In: OLIVEIRA, A. U. e MARQUES, M. I. M. (Org.). O Campo no Século XXI. Território de vida, de luta e de conquista da justiça social. São Paulo: Editora Casa Amarela e Editora Paz e Terra, 372 p., 2004.

PORTO-GONÇALVES, C. W. Da Geografia as Geo-grafias: um mundo em busca de novas territorialidades. In: CECENA, A. E. e SADER, E (Coord.). La Guerra Infinita: hegemonia y terror mundial. Buenos Aires: CLACSO, 37 p., 2002.

SILVA, W. F. da. Da agroindústria canavieira ao setor sucroenergético em Goiás: a questão técnico-gerencial e as estratégias de controle fundiário. 250 f. Tese (Doutorado em Geografia). Programa de Pós-graduação em Geografia. Instituto de Estudos Socioambientais - IESA. Universidade Federal de Goiás, Goiânia-GO, 2016.

Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Para Defesa Vegetal – Sindiveg. Balanço 2015 - Setor de agroquímicos confirma queda de vendas. São Paulo: Sindiveg.

SHIVA,V. Monoculturas da Mente. Perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003, 240 p.

SPADOTTO, C. A. Avaliação de riscos ambientais de agrotóxicos em condições brasileiras. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2006, 20 p. (Embrapa Meio Ambiente. Documentos 58).

SZMRECSÁNYI, T; RAMOS, P; RAMOS FILHO, L. O; VEIGA FILHO, A. de A. Dimensões, riscos e desafios da atual expansão canavieira. Texto para discussão. Brasília-DF, Embrapa Informação Tecnológica, 2007.

THOMAZ JÚNIOR, A. A Geografia do mundo do trabalho na viragem do século XXI. 2003. In: THOMAZ JÚNIOR, A. Dinâmica Geográfica do Trabalho no Século XXI: Limites explicativos, autocrítica e desafios teóricos. São Paulo, v.2, 2009. http://www4.fct.unesp.br/ceget/LD/_htm/f2.html, acesso em 10 fev. 2010.

Published

2019-09-11

How to Cite

Franco, Íria O., Guilherme, F. A. G., & Mathias, D. T. (2019). Setor sucroenergético em Goiás: análise agrária e ambiental / Sucro energy sector in Goiás: agricultural analysis and environmental. Brazilian Journal of Development, 5(9), 14601–14612. https://doi.org/10.34117/bjdv5n9-065

Issue

Section

Original Papers