Apendicite aguda: a percepção dos médicos assistencialistas

Authors

  • Vitória Corchak de Souza
  • Henry Sauerbronn Lorençon
  • Welington Lombardi
  • Vitória Vasconcellos dos Santos
  • Bruna Galdorfini Chiari Andreo
  • Luciana Borges Lombardi
  • Laura de Oliveira Marchetti
  • Jéssica Aparecida Marcinkevicius
  • Marcella Pagnano Bocchi
  • João Ramalho Borges
  • Mariana Pasqualotti Sena
  • Helena Gabriela Salve

DOI:

https://doi.org/10.34119/bjhrv6n6-130

Keywords:

apendicectomia, método cirúrgico, antibioticoterapia, experiência profissional

Abstract

O apêndice vermiforme órgão de morfologia tubular e fundo cego, pode ser acometido pelo processo patológico conhecido como apendicite aguda, a qual tem elevada prevalência na população e corresponde à grande incidência de intervenções cirúrgicas. Essa patologia decorre de uma obstrução da luz desse órgão por diversas possíveis causas, sendo por fecálitos a principal. Essa obstrução pode resultar em ulceração da mucosa, gangrena e a ruptura de sua parede, comprometendo, de forma infecciosa e inflamatória, o peritônio. A gravidade do prognóstico piora com a evolução da doença, tendo importância o diagnóstico e a terapêutica precoce. Com base no exposto, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a percepção dos médicos acerca dos seus métodos diagnósticos e terapêuticos preferenciais a respeito dessa patologia e suas demais percepções sobre esse tema. Essa pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa para sua realização. Foram empregados questionários preparados no Google Forms com divulgação desse por meio de instrumentos da internet destinados a médicos que atuam na terapêutica da apendicite aguda. Os dados obtidos foram tabulados por meio do programa Excel para constatação dos resultados obtidos.  A faixa etária de maior frequência entre os participantes corresponde a 31 a 35 anos e 36 a 40 anos. O tempo médio de formados foi de 11 anos. A especialidade mais prevalente observada no questionário foi cirurgia geral. A quantidade de apendicectomias realizadas pelos participantes foi de mais de 101 procedimentos. O sintoma característico da apendicite, auxiliar no diagnóstico, foi de dor em fossa ilíaca direita seguido por náusea e vômitos. O exame mais citado foi o Hemograma, sendo que como de imagem, o mais prevalente foi a tomografia computadorizada. A complicação de maior prevalência observada foi a infecção de ferida operatória. A maioria dos voluntários informou que prescreve antibióticos apenas casos específicos. Com relação ao tempo de espera entre o diagnóstico e a realização do procedimento, a maioria dos participantes informou que não é uma prática comum deixar o procedimento para o dia seguinte, porém, a segunda resposta mais citada foi a de aguardar o dia seguinte “devido a mais de uma razão”. A frequência em que, ao realizar o procedimento cirúrgico, o diagnóstico de apendicite aguda não se confirmou, foi a mais citada entre os médicos participantes que informaram que, ainda assim, a cirurgia “ocorreu e o apêndice foi removido”. A videolaparoscopia foi o método terapêutico com maior número de escolhas. Quanto à solicitação de exames de imagem para a confirmação diagnóstica a maioria dos voluntários apontou que a realiza “frequentemente” e, a segunda resposta mais escolhida entre os respondentes foi “em todos os casos”. Assim, os dados apontam que a apendicectomia é uma prática cirúrgica frequente entre os profissionais, sendo que a videolaparoscopia foi o método cirúrgico de escolha da maioria, independente do tempo de atuação do cirurgião. A conduta perante o uso da antibioticoterapia no sistema particular de saúde é mais frequentemente utilizada do que quando comparadas ao seu uso no sistema público. Além disso, quase todos os médicos constataram que já presenciaram casos de apendicectomia negativa, o que evidencia a importância de um diagnóstico preciso. Entretanto, é surpreendente que mesmo com todos os dados já comprovados pela literatura de que diagnóstico e tratamento precoces estão relacionados a menor índice de complicações, ainda 65% dos cirurgiões relatam o adiamento dessa cirurgia do dia para a noite.

References

MATOS, Breno; SANTANA, Carolina; SOUZA, Déborah; RODRIGUES, Edarno; GONÇALVES, Elisa; DIAS, Fabrício; MARQUES, Guilherme; PETRI, Gustavo; ABRANTES, Wilson Luiz. Apendicite aguda. Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Ufmg, Belo Horizonte, p.29-32, 2011.

NASCIMENTO, Ricardo Reis do; SOUZA, Jaime César Gelosa; ALEXANDRE, Vanessa Baschirotto; KOCK, Kelser de Souza; KESTERING, Darlan de Medeiros. Associação entre o escore de Alvarado, achados cirúrgicos e aspecto histopatológico da apendicite aguda. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, [s. l], v. 45, n. 5, p. 1-10, 18 out. 2018. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0100-6991e-20181901.

LIMA, Amanda Pereira; VIEIRA, Felipe José; OLIVEIRA, Gabriela Procópio de Moraes; RAMOS, Plínio dos Santos; AVELINO, Marielle Elisa; PRADO, Felipe Garcia; SALOMÃO JÚNIOR, Gilson; SILVA, Francisco Campos; RODRIGUES, João Vicente Linhares. Clinical-epidemiological profile of acute appendicitis: retrospective analysis of

IAMARINO, Ana Paula Marconi; JULIANO, Yara; ROSA, Otto Mauro; NOVO, Neil Ferreira; FAVARO, Murillo de Lima; RIBEIRO JÚNIOR, Marcelo Augusto Fontenelle. Risk factors associated with complications of acute appendicitis. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, [S.L.], v. 44, n. 6, p. 560-566, dez. 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0100-69912017006002.

ANDERSSON, Roland E. Does Delay of Diagnosis and Treatment in Appendicitis Cause Perforation? World Journal of Surgery, [s.l.], v. 40, n. 6, p.1315-1317, 2 mar. 2016. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s00268-016-3489-y.

GOULART, Rafael Nunes; SILVERIO, Gilson de Souza; MOREIRA, Marcelo Borges and FRANZON, Orli. Achados principais de exames laboratoriais no diagnóstico de apendicite aguda: uma avaliação prospectiva. Abcd. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (são Paulo), [s.l.], v. 25, n. 2, p.88-90, jun. 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-67202012000200005.

YI, Dae Yong; LEE, Kyung Hoon; PARK, Sung Bin; KIM, Jee Taek; LEE, na Mi; KIM, Hyery; YUN, Sin Weon; CHAE, Soo Ahn; LIM, In Seok. Accuracy of low dose CT in the diagnosis of appendicitis in childhood and comparison with USG and standard dose CT. Jornal de Pediatria, [s.l.], v. 93, n. 6, p.625-631, nov. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2017.01.004

BON, Thiago de Paula; FRASCARI, Patrícia; MOURA, Marcos de Assis; MARTINS, Marcus Vinicius Dantas deCampos. Comparative study between patients with acute appendicitis treated in primary care units and in emergency hospitals. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, [s.l.], v. 41, n. 5, p.341-344, out. 2014. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0100-69912014005008.

SANTOS F, CAVASANA Gf, CAMPOS T. Perfil das apendicectomias realizadas no Sistema Público de Saúde do Brasil. Rev. Col. Bras. Cir. 2017.

RHOMBERG, BARBARA ALVES. TRATAMENTO CLÍNICO DA APENDICITE AGUDA: RELATO DE CASO. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 14, n. 36, jul./set. 2017, ISSN 2318-2083 (eletrônico) •p. 217 Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, [s. l.], 2017. 2318-2083.

RUD, Bo; OLAFSSON, Lydur; VEJBORG, Thomas s; WILHELMSEN, Michael; REITSMA, Johannes B; RAPPEPORT, Eli D; WILLE-JØRGENSEN, Peer. Diagnostic accuracy of Computed Tomography for Appendicitis in Adults. Cochrane Database Of Systematic Reviews, [S.L.], p. 1-205, 11 jul. 2012. Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/14651858.cd009977.

GUTIERREZ, Marcel; ARTIOLI, Thiago; LOPES, Fábio Iazzetti; MONTEIRO, Filipe Ramos; BORATTO, Sandra di Felice. Appendectomy: prognostic factors in the brazilian unified health system. Revista da Associação Médica Brasileira, [S.L.], v. 66, n. 11, p. 1493-1497, nov. 2020. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1806-9282.66.11.1493.

DAVID, Angeline; DODGION, Christopher; EDDINE, Savo Bou Zein; DAVILA, Daniel; WEBB, Travis P.; TREVINO, Colleen M. Perforated appendicitis: short duration antibiotics are noninferior to traditional long duration antibiotics. Surgery, [S.L.], v. 167, n. 2, p. 475-477, fev. 2020. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.surg.2019.08.007.

NASCIMENTO, João Henrique Fonseca do; SOUZA FILHO, Benjamim Messias de; TOMAZ, Selton Cavalcante; VIEIRA, Adriano Tito Souza; CANEDO, Bernardo Fernandes; ANDRADE, André Bouzas de; GUSMÃO-CUNHA, André. Comparison of outcomes and cost-effectiveness of laparoscopic and open appendectomies in public health services. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, [S.L.], v. 48, p. 1-12, 2021. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0100-6991e-20213010.

FREITAS, Eldimar Lima de; MIZUNO, Victor Iamada. Perfil Clínico Epidemiológico da Apendicite Aguda no Brasil: uma revisão sistemática. Universidade Federal de Sergipe, Sergipe, p. 1-38, 2019.

Published

2023-11-16

How to Cite

de Souza, V. C., Lorençon, H. S., Lombardi, W., dos Santos, V. V., Andreo, B. G. C., Lombardi, L. B., Marchetti, L. de O., Marcinkevicius, J. A., Bocchi, M. P., Borges, J. R., Sena, M. P., & Salve, H. G. (2023). Apendicite aguda: a percepção dos médicos assistencialistas. Brazilian Journal of Health Review, 6(6), 28198–28215. https://doi.org/10.34119/bjhrv6n6-130

Issue

Section

Original Papers