Tuberculose em mulheres em situação de rua no Brasil

Abstract

A tuberculose tem um impacto significativo no Brasil. Nesse cenário, as mulheres em situação de rua enfrentam maior vulnerabilidade e risco de contrair a doença. Portanto, analisar esse grupo torna-se essencial para compreender melhor sua situação, a fim de buscar estratégias adequadas para controle e prevenção da tuberculose nesse contexto. Estudo transversal, qualitativo e quantitativo, que incluiu 5.512 casos de tuberculose em mulheres em situação de rua com 20 anos ou mais, no período de 2012 a 2022 no Brasil. Os dados epidemiológicos foram coletados no SINAN, através da plataforma DATASUS. No Brasil, foram registrados 5.512 casos de tuberculose, com a maioria ocorrendo no Sudeste. Desses, 3.724 casos foram confirmados por análises laboratoriais, enquanto 1.788 não tiveram confirmação. A forma pulmonar da doença foi a mais comum. Cerca de 27,6% das pacientes eram usuárias de substâncias ilícitas e lícitas. Quanto ao tratamento, 36,5% das mulheres abandonaram, e 25,3% alcançaram a cura. Mulheres em situação de rua estão mais suscetíveis a contrair tuberculose devido às condições precárias de moradia, enfraquecimento do sistema imunológico e falta de medidas sanitárias. Além disso, enfrentam desafios diários, como violência, preconceito e dificuldade em buscar tratamento, uma vez que o medo de transmitir a doença ao grupo pertencente, o conhecimento do insucesso da terapêutica em outros casos e a necessidade de reduzir o uso de drogas durante a terapia, são dilemas enfrentados por esse público. Conclui-se que a miséria e as condições precárias de moradia vivenciadas pelas mulheres em situação de rua, juntamente com a demora para buscar tratamento e os preconceitos diários enfrentados, contribuem para aumentar a transmissão e infecção por tuberculose. É necessário uma investigação mais profunda para melhorar a abordagem dessas mulheres, visando o controle e prevenção da doença nesse contexto.