As dificuldades da gestação na adolescência e o uso de psicofármacos: um relato de caso / The difficulties of pregnancy in adolescence and the use of psychotropic drugs: a case report

Abstract

A gravidez é uma condição que traz diversas consequências na vida de uma adolescente, tanto dos pontos de vista social e biológico, quanto do psicológico. O objetivo, portanto, é relatar a experiência de uma adolescente gestante e discutir como suas condições psicossociais e o uso de psicofármacos poderiam ser manejados. Primigesta de 16 anos, branca, desempregada, escolaridade 7º ano do Ensino Fundamental, em relacionamento de 8 meses com parceiro de 23 anos, com 12 semanas e 5 dias de uma gestação não planejada, vem a serviço público de gestação de alto risco de cidade do interior do Paraná para primeira consulta de pré-natal. Tabagista há quatro anos, fumava 1 carteira/dia mas relata ter diminuído para 5 cigarros/dia e também ter parado de beber quando soube da gravidez. Paciente relata que fazia uso de medicamentos para depressão (Sertralina e Haloperidol) há 1 ano, devido a nervosismo após separação dos pais e alguns episódios de automutilação. Entretanto, decidiu parar de tomá-los devido à gravidez, gerando reincidência de crises de nervosismo. Foram dadas orientações nutricionais, vitamínicas e de rotina e discutiu-se a necessidade de retomar suas medicações ou trocá-las. A literatura ainda não estabeleceu a segurança exata do uso de psicofármacos durante a gestação, porém há estudos que apontam para fármacos menos teratogênicos que poderiam ser utilizados. Assim, é imprescindível verificar se os riscos desse tratamento superam os benefícios, afinal cessar abruptamente o tratamento também pode ser maléfico à paciente. Na literatura, tem-se como seguros na gestação o uso de Nortriptilina ou Sertralina como antidepressivos, e do Haloperidol, como antipsicótico. Ademais, também há opções fitoterápicas eficazes que poderiam ser uteis, além de acompanhamento com psicoterapeuta. Portanto, as perspectivas científicas, os benefícios e riscos devem ser apresentados e discutidos com a paciente para proporcionar-lhe um melhor desfecho clínico.