Salmonelose ocasionada por produtos de origem animal e suas implicações para saúde pública: revisão de literatura / Salmonellosis occasioned by products of animal origin and its implications for public health: literature review

Autores

  • Rogério Ferreira Segundo
  • Cassio Toledo Messias
  • Tamyres Izarelly Barbosa da Silva
  • Henrique Jorge de Freitas
  • Danielle Saldanha de Souza Araújo
  • Patrícia Gelli Feres de Marchi
  • Lidianne Assis Silva
  • Adriano Melo de Queiroz

DOI:

https://doi.org/10.34188/bjaerv3n4-075

Palavras-chave:

Toxinfecções, intoxicação alimentar, Salmonella.

Resumo

A Salmonella foi isolada pela primeira vez em 1886, inicialmente foi criada uma forma de classificação que posteriormente teve que ser alterada. A atual classificação taxonômica, criada 1933, se baseia por identificação molecular de antígenos, apresentando 3 espécies e 6 subespécies. Já foram identificados mais de 2.500 sorovares diferentes, sendo mais de 50% da subespécie enterica. A Salmonella é uma bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae, Gram-negativa, cosmopolita, com tropismo pelo ambiente intestinal e muitas vezes acaba contaminando alimentos, consequentemente animais e pessoas, sendo responsável por frequentes intoxicações alimentares. Com o simples cozimento é possível eliminá-la, mesmo assim a prevalência de casos de intoxicações alimentares se mostra alto. Existe uma crescente preocupação com relação à resistências dessas bactérias aos antibióticos, isso se deve ao uso indiscriminado de antimicrobianos em animais de produção e pacientes. As principais fontes de infecção são o ambiente, água, mas principalmente os alimentos de origem animal, estes, são os principais responsáveis por causarem distúrbios aos consumidores. A doença ocorre quando a Salmonella é ingerida em quantidade considerável e se multiplica nas células intestinais, liberando toxinas, destruindo células intestinais, desencadeando respostas inflamatórias e por fim ocasionando quadros de diarreia moderados, futuramente, febre, tenesmos e dores abdominais. Em casos extremos pode vir a ocorrer a disseminação, ocasionando quadros de septicemia e inclusive o óbito. A detecção desse agente em alimentos e amostras biológicas é oficialmente feito por cultivo bacteriológico, um método trabalhoso e lento, portanto diversas pesquisas buscam meios alternativos de diagnosticar de forma rápida, prática e eficiente essa bactéria. A legislação está em constante mudança para garantir ao consumidor produtos cada vez mais isentos de riscos, porém nem sempre é possível evitar completamente a salmonelose, portanto medidas de controle são essenciais para controlar a doença, como higiene de utensílios, cozimento adequado dos alimentos de risco. Enquanto programas de controle nas indústrias e granjas não forem mais efetivos esse problema irá permanecer. Esse trabalho reúne um acervo de informações de diversos órgãos de fiscalização, agências reguladoras, artigos científicos, teses, dissertações, livros, manuais e agências de notícias para um aprofundamento sobre a Salmonella, bactéria de grande importância na saúde pública por causar distúrbios gastrointestinais em consumidores de produtos de origem animal, principalmente de aves.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. Relatório anual de atividades 2015. São Paulo, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA. Segurança alimentar é tema do Dia Mundial da Saúde de 2015. ABRASCO. 2015. Disponível em: <http://www.abrasco.org.br/site/2015/04/seguranca-alimentar-e-tema-do-dia-mundial-da-saude/>. Acesso em 1 de out. 2015.

BENNETT, A. R. et al. Use of pyrrolidonyl peptidase to distinguish Citrobacter from Salmonella. Letters in Applied Microbiology, Oxford. 28: 175-178, 1999.

BERCHIERI JÚNIOR, A.; LOVELL, M.A. e BARROW, P.A. The activity in the chicken alimentary tract of bacteriophages lytic for Salmonella typhimurium. Research in Microbiology, v.142, p. 541-549, 1991.

BIER, O. Microbiologia e Imunologia. 23º. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1984. 1234p.

BRASIL, Decreto nº 56.585, de 20 de julho de 1965. Especificações para a classificação e fiscalização do ovo. Brasília, Diário Oficial da União, 22 jul. 1965. Seção 1. p. 6954.

BRASIL, Instrução Normativa nº 78, de 3 de novembro de 2003. Normas Técnicas para Controle e Certificação de Núcleos e Estabelecimentos Avícolas como Livres de Salmonella gallinarum e de Salmonella pullorum e Livres ou Controlados para Salmonella Enteritidis e para Salmonella typhimurium. Diário Oficial da União, Brasília, 05/11/2003, Seção 1, p. 3. 2003a

BRASIL, Resolução nº 005 de 05 de julho de 1991. Padrão de Identidade e Qualidade para o Ovo Integral. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Brasília, 1991

BRASIL. Decreto nº 30.691 de 29/03/52. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Rio de Janeiro, DOFC DE 07/07/1952, P. 10785.

BRASIL. Codex Alimentarius. Ministério Da Agricultura Pecuária E Abastecimento 2016. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/internacional/negociacoes/multilaterais/codex-alimentarius>. Acesso em 15 de mai. 2016.

BRASIL. Higiene no preparo de alimentos evita contaminação por Salmonella. Ministério da Saúde. 2015. Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/35051-higiene-no-preparo-de-alimentos-evita-contaminacao-por-Salmonella>. Acesso em 1 de out. 2015.

BRASIL. Instrução Normativa nº 10, de 11 de abril de 2013. Definir o programa de gestão de risco diferenciado, baseado em vigilância epidemiológica e adoção de vacinas, para os estabelecimentos avícolas especificados. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Brasília, Diário Oficial da União, de 12 de abril de 2013.

BRASIL. Instrução Normativa nº 62. de 26 de agosto de 2003. Oficializa os métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para controle de produtos de origem animal e água. Brasília, Diário Oficial da União, 18 de set. seção 1, p. 14. 2003b

BRASIL. Manual do Responsável Técnico. Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina. 2007.

BRASIL. Manual Técnico de Diagnóstico Laboratorial da Salmonella spp. Ministério da Saúde. Brasília. 64 p. 2011.

BRASIL. Portaria nº 1, de 21 de fevereiro de 1990. Dispõe sobre as normas gerais de inspeção de ovos e derivados. Brasília, Diário Oficial da União, 6 de mar. 1990.

BRASIL. Programa Nacional de Sanidade Avícola. Manual de Legislação - Programas Nacionais de Saúde Animal do brasil. Brasília: Ministério da Agricultura e Abastecimento 2009b.

BRASIL. Relatório de Pesquisa em Vigilância Sanitária de Alimentos. 1. ed. Agência de vigilância sanitária. Brasília, 2012. 171p.

BRASIL. Relatório do monitoramento da prevalência e do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos em enterococos e salmonelas isolados de carcaças de frango congeladas comercializadas no Brasil. Agencia de Vigilância Sanitária. Brasília, janeiro, 2008.

BRASIL. Relatório do monitoramento da prevalência e do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos em enterococos e salmonelas isolados de carcaças de frango congeladas comercializadas no Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. São Paulo, janeiro, 2008.

BRASIL. Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília, Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 10 de janeiro de 2001.

BRASIL. Resolução RDC nº 35, de 17 de junho de 2009. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília, DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO DE 18/06/2009, SEÇÃO 1, PÁGINA 47. 2009a.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Salmonella typhimurium infection associates with raw milk and cheese consumption-Pennsylvania. MMRW Morb Mortal Wkly Rep. v. 56, 2007.

DECKER, M.; GALVÃO, A. C.; ROBAZZA, W. S. Congresso Brasileiro de Engenharia Química. XX, 2014, Florianópolis, SC, Estudo do crescimento de Salmonella em ovos líquidos refrigerados a diferentes temperaturas. 2014.

EUROPEAN FOOD SAFETY AUTHORITY. Salmonella. 2015. Disponível em: <http://www.efsa.europa.eu/en/topics/topic/Salmonella.htm> Acesso em 1 de out. 2015.

FAO. CODE OF HYGIENIC PRACTICE FOR EGGS AND EGG PRODUCTS. CAC/RCP 15 – 1976.

FAO. GUIDELINES FOR THE CONTROL OF CAMPYLOBACTER AND SALMONELLA IN CHICKEN MEAT. CAC/GL 78-2011.

FERREIRA, E. O.; CAMPOS, L. C. Salmonella. In: TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, p. 329-345, 2008.

FONSECA, E. L. et al. Clonality and antimicrobial Resistance gene profiles of multidrugresistant Salmonella enterica serovar Infantis from four public hospitals in Rio de Janeiro, Brazil. J. Clin. Microbiol. v. 44, p. 2767-2772, 2006.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE NATIONS. About Codex.Codex Alimentarius. 2016. Disponível em: http://www.codexalimentarius.org/about-codex/en/>. Acesso em 15 de mai. 2016.

FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Frequently Asked Questions & Answers: FDA's Investigation into the Salmonella Enteritidis Outbreak Involving the Recall of Shell Eggs. 27 de Ago. 2010. Disponível em:< http://www.fda.gov/Food/RecallsOutbreaksEmergencies/Outbreaks/ucm223723.htm>. Acesso em 11 de maio de 2016.

FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Playing it safe with eggs. 2015 Disponível em: <http://www.fda.gov/Food/FoodborneIllnessContaminants/BuyStoreServeSafeFood/ucm077342.htm>. Acesso em 1 de out. 2015.

FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed, 163p. 2002.

GANTOIS, I.; DUCATELLE, R.; PASMANS, F.; HEASEBROUCK, F.; GAST, R.; HUMPHREY, T. J.; VAN IMMERSEEL, F. Mechanism of egg contamination by Salmonella enteritidis. FEMS Microbiol. Rev. 33 p.718–738, 21 jan. 2009.

GOMES, M. J. P. Enterobacteriácias (Salmonella spp.). Bacteriologia da FAVET, UFGRS. Microbiologia clínica. p. 11-13, 2015.

GUERRA, M. P. et al. Enterobactérias e estafilococos em moscas capturadas em feira-livre no município de Teixeira de Freitas-BA/Enterobacteria and staphylococci in flies captured in street market in the municipality of Teixeira de Freitas, Bahia, Brazil. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, v. 2, n. 3, p. 1130-1144, 2019.

GUIBOURDENCHE, M. et al. Suplement 2003 e 2007 (N.47) to the White-Kauffman-Le Minor scheme. Research Microbiology, n. 161, p. 26-29, 2010.

HIRSH, D. C. Salmonella. In: HIRSH, D. C.; ZEE, Y. C. Microbiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 69-73, 2012.

HOLT, J. G. Bergey's: manual of determinative bacteriology. 9.ed. WHITE, D. G.; FEDORKA-CRAY, P.; CHILLER, T. C. The National Antimicrobial Resistance Monitoring System (NARMS). NMC Annual Meeting Proceedings, Florida, p. 56-60, 2006.

INGRAHAN, J. L.; INGRAHAN, C. A. Intodução à microbiologia: Uma abordagem baseada em estudos de casos. 3 ed. São Paulo: Cengage Learning, 776p. 2011.

LOGUERCIO, A.P. et al. Elisa indireto na detecção de Salmonella spp. em linguiça suína. Ciência Rural. v.32, n.6, p.1057- 1062, 2002.

MARIETTO-GONÇALVES, G.A. e ANDREATTI FILHO, R.L. Fagoterapia: uma opção no controle biológico para a salmonelose de origem aviária. Revista de Educação Continuada do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, v.10, p. 6-13, 2012.

MATSUZAKI, S. et al. S.Bacteriophage therapy: a revitalized therapy against bacterial infectious diseases. J. Infect. Chemother. 11:211–219, 2005.

MAYR, A.; GUERREIRO, M.G. Virologia Veterinária. 2. ed. Porto Alegre: Sulina. 1981.

MEAD, G. et al. And the Salmonella on raw poultry writing committee. Scientific and Technical Factors Affecting the Setting of Salmonella Criteria for Raw Poultry: A Global Perpective. Journal of Food Protection. v. 73, n.8, p. 1566-1590, 2010.

MORAES. D. M. C. et al. Fontes de infecção e perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de Salmonella sp. isoladas no fluxo de produção de frangos de corte. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.81, n.3, p. 195-201, 2014.

MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A. Microbiologia Médica. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1072p. 2009.

PALANDRI, E; PESSOA, J. H. Enterite por Salmonella Não Tifoide. In: VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado de infectologia. 4 ed. São Paulo: Atheneu, p. 1206-1208, 2009.

RICARDO, R. et al. Congresso de Nutrição e Alimentação. XII, Porto. Pasteurização a frio de ovos e ovoprodutos por radiação ionizante. 2014.

SALMON, D.E.; SMITH, T. The bacterium of swine plague. Am. Mon. Microbiol. J., v. 7, p. 2014, 1886.

SHELOBOLINA, E.S. et al. Isolation, characterization, and U (VI)-reducing potential of a facultatively anaerobic, acid-resistant bacterium from low-pH, nitrate- and U (VI)-contamined subsurface sediment and description of Salmonella subterranea sp. nov. Appl. Environ. Microbiol. 70:2959-2965, 2004.

SILVA, G.R. Atividade de Alfa-Amilase como Inicadora da Eficiência da Pasteurização de Ovos e sua Qualidade Microbiológica. 2015. 50f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal). Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte. 2015.

SILVA, N.; AMSTALDEN, V. C. Manual de métodos de análise microbiológicas de alimentos. 3. ed. São Paulo: Livraria Varella. 2007. 536p.

SUEHIRO, B. Y. B. et al. Uso de bacteriófagos líticos na desinfecção de casca de ovos contaminados com Salmonella enteritidis. In: GONÇALVES, G. A. M. Utilização de bacteriófagos ambientais em associação com o bacteriófago p22 na redução de Salmonella enteritidis em ovos, frangos, carcaças e recortes. 61 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Botucatu, 2013.

TÉO, C. R. P. A.; OLIVEIRA, T. C. R. M. Salmonella sp. O ovo como veículo de transmissão e as implicações da resistência antimicrobiana para a saúde pública. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, n.2, p. 195-210, 2005.

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10.ed. Porto Alegre: Artmed. 2012.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Salmonella (non-typhoidal). Ago. 2013. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs139/en/>. Acesso em 2 de dez. de 2015.

WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH. Terrestrial Animal Health Code (2015). OIE. 2015. Disponível em <http://www.oie.int/international-standard-setting/terrestrial-code/access-online/>. Acesso em 23 de abr. de 2016.

YAN, S. S. et al. An overview of Salmonella typing: Public health perspectives. Clinical and Applied Immunology Reviews, v. 4, p. 189-204, 2003.

ZIMMERMANN, M. S.; FRANKLIN, B. T. The Salmon Family Genealogy & History, Mount Olive: Salmon Family Association and Seven Lakes; Harris Printing Co., 1990. 339p.

Downloads

Publicado

2020-11-13

Como Citar

Segundo, R. F., Messias, C. T., Silva, T. I. B. da, Freitas, H. J. de, Araújo, D. S. de S., Marchi, P. G. F. de, Silva, L. A., & Queiroz, A. M. de. (2020). Salmonelose ocasionada por produtos de origem animal e suas implicações para saúde pública: revisão de literatura / Salmonellosis occasioned by products of animal origin and its implications for public health: literature review. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, 3(4), 3715–3746. https://doi.org/10.34188/bjaerv3n4-075

Edição

Seção

Artigos originais